Biomimética é o termo usado para descrever tecnologias desenvolvidas a partir da observação e do estudo das estruturas e estratégias que a natureza desenvolveu com o decorrer dos anos, visando encontrar soluções para problemas questões da sociedade. Os organismos evoluíram e se adaptaram com o tempo e os humanos procuram por respostas nesse ciclo aperfeiçoado pela natureza.
Um exemplo simples e conhecido por todos é o velcro: foi criado em 1941 pelo engenheiro suíço George de Mestral que, depois de voltar de uma viagem de caça com várias sementes presas em suas roupas, resolveu observar a causa disso com um microscópio. Examinou filamentos que terminavam em pequenos ganchos que faziam que as sementes ficassem "grudadas" nos tecidos. O engenheiro, então adaptou isso de modo que favorecesse e facilitasse a vida humana, criando o velcro.
Outro exemplo interessantíssimo é o trabalho da designer Neri Oxman e seus alunos que, observando como o bicho-de-seda arquiteta seus casulos, perceberam que estes primeiros produziam sua seda de acordo com o formato da superfície na qual se encontravam, não necessariamente com o formato de um casulo fechado. Deste modo, encontrou-se uma forma de coletar o material sem sacrificar o animal, simultaneamente permitindo que ele completasse sua metamorfose.
A partir disso, criaram uma enorme estrutura feita de uma espécie de simulação de seda. Estudaram as migrações dos bichos-de-seda de acordo com a temperatura, e aplicaram essas mesmas temperaturas na estrutura, fazendo buracos nela para manter o calor e raios de luz. Por final, colocaram os animais no ecossistema que criaram e, em duas semanas, sua seda biológica cobriu a estrutura, resultando em 6500km de material (interessantemente, praticamente o tamanho da Rota da Seda).
No vídeo abaixo, Oxman apresenta esse e outros projetos fascinantes que desenvolveu com a biomimética.
Cada vez mais, a biomimética se liga à a ideia de sustentabilidade e muitas das criações têm como principal objetivo substituir projetos que prejudicam o meio ambiente. Essa ideia vem do fato de que os organismos otimizam o uso ao invés de maximizá-lo: utilizam apenas a energia necessária, alguns criando sua própria; trabalham em cooperação, se adaptam. Não há desperdício.
Acho essa ideia incrível, já que sempre fui fascinada pelos padrões encontrados na natureza e suas repetições em diversos lugares, sejam em pequena ou grande escala; pelo o fato de que, com a evolução, o fim de um ciclo leva ao começo de outro, etc. Em todos os aspectos, menos um, sempre vi a natureza como perfeita: com exceção apenas dos humanos. Soa como um clichê dizer isso, mas é indiscutível, e é o único fator que me faz questionar a tal perfeição da natureza, já que somos criação da mesma.
Aí já entramos em um assunto filosófico demais. A questão é: reconhecendo nossas imperfeições, será que não podemos tirar lições de um ecossistema que sempre funcionou e trabalhar com ele ao invés de contra ele? Somos seres extremamente novos no planeta Terra, e a ideia de aprender com os bilhões de anos de evolução desse sistema parece um método de adaptação extremamente promissor.
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